quinta-feira, agosto 16, 2012

Heróis existem !


Roberto Burle Marx foi um dos maiores paisagistas do nosso século, distinguido e premiado internacionalmente, renomado  ao exercer a profissão de arquiteto-paisagista.   Artista de múltiplas artes, foi também, desenhista, pintor, tapeceiro, ceramista, escultor, pesquisador, cantor e criador de jóias, sensibilidades que conferiram características específicas a toda a sua obra.


Era o quarto filho de Cecília Burle (de origem pernambucana), mãe exímia, pianista e cantora, despertou nos filhos o amor pela música e pelas plantas e de Wilhelm Marx, (Alemão Judeu),  homem culto, amante da música erudita e da literatura europeia, preocupado com a educação dos filhos,  embora se dedicasse aos negócios, como comerciante de couros, num curtume que mantinha em São Paulo, descendente de Karl Marx, um intelectual revolucionário alemão, fundador da doutrina Marxista.




 O marxismo compreende o homem como um ser social histórico e que possui a capacidade de trabalhar e desenvolver a produtividade do trabalho, o que diferencia os homens dos outros animais e possibilita o progresso de sua emancipação da escassez da natureza, o que proporciona o desenvolvimento das potencialidades humanas.  O pensamento de Karl Marx influenciaria no futuro várias áreas, tais como Filosofia, Geografia, História, Direito, Sociologia, Literatura, Pedagogia, Ciência Política, Antropologia, Biologia, Psicologia, Economia, Teologia, Comunicação, Administração, Design, Arquitetura, entre outras.

Aos 19 anos, Burle Marx teve um problema nos olhos e a família se mudou para Alemanha em busca de tratamento. Permaneceram na Alemanha de 1928 á 1929, onde Burle Marx entrou em contato com as vanguardas artísticas. Lá conheceu um Jardim Botânico com uma estufa mantendo "vegetação brasileira", pela qual ficou fascinado.     As diversas exposições que visitou e, dentre as mais importantes, a de Picasso, matisse, Paul Klee e Van Gogh, lhe causaram grande impressão, levando-o à decisão de estudar pintura.



O primeiro projeto de jardim público idealizado por Burle Marx foi a Praça de Casa Forte, em 1934 no Recife. Nesse mesmo ano assumiu o cargo de Diretor de Parques e Jardins do Departamento de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco,  onde ainda lidava com um trabalho de inspiração levemente eclética, projetando mais de 10 praças. Nesse cargo, fez uso intenso da vegetação nativa nacional e começou a ganhar renome, sendo convidado a projetar os jardins do Edifício Gustavo Capanema .    Em 1935, ao projetar a Praça Euclides da Cunha, ornamentada com plantas da Caatinga e Sertão Nordestino, buscou livrar os jardins do "cunho europeu", semeando a alma brasileira e divulgando o "senso de brasilidade". Em 1937 criou o primeiro Parque Ecológico do Recife.



Sua participação na definição da Arquitetura Moderna Brasileira foi fundamental, tendo atuado nas equipes responsáveis por diversos projetos célebres. O terraço jardim que projetou para o Edifício Gustavo Capanema é considerado um marco de ruptura no paisagismo brasileiro.   Definido por vegetação nativa e formas sinuosas, o jardim (com espaços contemplativos e de estar) possuía uma configuração inédita no país e no mundo.

A partir daí, Burle Marx passou a trabalhar com uma linguagem bastante orgânica e evolutiva, identificando-a muito com vanguardas artísticas como a arte abstrata. o concretismo, o construtivismo, entre outras. As plantas baixas (desenhos) de seus projetos, lembram em muitas vezes telas abstratas, nas quais os espaços criados privilegiam a formação de recantos e caminhos através dos elementos de vegetação nativa.


O paisagista é o responsável, ainda, pela popularização das bromélias, muito usadas em seus projetos. Em 1949, comprou um sítio de 365 000 metros quadrados em Barra de Guaratiba, onde plantou inúmeras espécies de plantas - a flora local é composta por mais de 3 500, muitas em extinção. Lá buscava inspiração e matéria prima para suas criações. Mais tarde, em 1985, doou a propriedade e todo o acervo, que conta com peças de cerâmica de fabricação própria e biblioteca com mais de 2 500 livros, ao atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

Outros projetos de destaque são os jardins da Cidade Universitária da atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (1953), o Museu de Arte Moderna do Rio (1955), assinado em parceria com o velho amigo Oscar Niemeyer, que conheceu na Escola de Belas Artes, e o Parque do Flamengo (1961), concebido em uma área de 1,2 milhão de metros quadrados. Menos conhecidos, porém não menos importantes, Burle Marx também criou o projeto para a Avenida Presidente Vargas, além de praças públicas como a do Lido, em Copacabana, prédios modernistas como o Edifício Antônio Ceppas, no Jardim Botânico, e condomínios como o Riviera dei Fiori, na Barra. 


Uma de suas últimas obras encontra-se em São Paulo.  O Parque Burle Marx possui uma importante função na composição de áreas verdes da cidade, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar, redução da poluição sonora, preservação da fauna e da flora, amenização dos efeitos das “ilhas de calor”, além de servir de agradável espaço para o lazer da população.

Este parque é totalmente voltado para o lazer contemplativo e sua principal finalidade é a aproximação da população com a natureza, proporcionando, através de suas trilhas e caminhos, agradáveis passeios por entre a vegetação constituída de espécies remanescentes da Mata Atlântica.

Fontes;

Nenhum comentário: