segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Conversa com Sr. Homer, a próxima vítima.

Homer: você viu aquele episódio na televisão???

respondo: Enquanto as emissoras de televisão em São Paulo faturam alto com seus telejornais sensacioalistas, relatando a cena cotidiana da periferia na cidade paulistana, o Rio de Janeiro vem na contramão, querendo mostrar no horário pobre, seus cenários lindos, moços e moças de pele bronzeados pelo sol nas praias de céu azul 365 dias por ano, jantares a luz de vela, almoços com família reunida em plena segunda-feira, enfim um mundo virtual no qual os espectadores se deliciam em seus sofás nem sempre de boa qualidade mas na moda, e seus impecáveis televisores tela plana 29", comprados a juros que ultrapassam a barreira dos 50% ao ano, no país do crescimento sustentável. Um deputado, um governador, um juíz do supremo tribunal federal e até um presidente afirmaram, que neste país das maravilhas, não se resolve problemas de criminalidade com redução de maioridade penal. Nenhum destes souberam colocar uma só alternativa para este problema que vem se arrastando não é de hoje, mas décadas.

Homer: Mas então como se resolve, perguntou-me o Sr. Homer .

respondo: Gostaria de dar uma das várias alternativas que sempre existem;

I -poderia começando a não obrigar o aluno a passar de ano sem saber ler escrever, mas sim dando condições e equipamentos para conhecer, ler, escrever, e principalmente pensar

Homer: puxa não pensei, achava que só era necessário aprender uma profissão, nada mais .

II -em vez de abrir mais outro concurso para a polícia, poderia se investir um pouquinho naqueles educadores que se encontram patinando na rede pública, com novos programas e tecnicas de aperfeiçoamento profissional já acessível hoje, más a um número limitado

Homer: pô, logo agora que eu estava querendo trocar da área. Como papiloscopista da pra faturar uns R$ 2.000,00 mensais, e isso só com ensino médio, acrescidos ainda de adicionais de insalubridade, de local de exercício, da ajuda de custo relacionada à alimentação, abono da Lei Complementar 901/2001 e Gratificação de Atividades Policiais (G.A.P.).

III-outra alternativa é aumentar a oferta de trabalho sem ter que diminuir os rendimentos, pois apesar de o Produto Interno Bruto (PIB) per capita ter crescido cinco vezes de 1940 a 2004, o salário mínimo encolheu a menos de um terço de seu valor inicial quando foi decretado, em 1º de maio de 1940. Ajustado para valores de março do ano 2006, o salário mínimo daquela época corresponderia hoje a R$ 922,50. Os dados, divulgados em nota técnica elaborada pelo Dieese, demonstra o aprofundamento ao longo do tempo da desigualdade econômica e social do país, onde, apesar de haver aumento de riqueza, não há distribuição eqüitativa da renda entre os trabalhadores.O trabalho, denominado "Valorização do Salário Mínimo: um imperativo da ética econômica e social", demonstra, no entanto, que algumas alterações na política de formação da remuneração básica impediram que essa discrepância fosse ainda maior. Conforme o estudo, se o valor do salário mínimo fosse corrigido apenas pela inflação nesse período, hoje ele equivaleria a R$ 197.

Homer: puxa, quer dizer então que um papiloscopista recebe pouco mais de dois salários mínimos para cadastrar uma porção de cadaver por dia??

IV - a tv poderia ter realmente seu papel voltado para a formação do cidadão, como instrumento de prestação de serviço educativo e cultural . Mas as concessões de radiodifusão no Brasil mostram outra realidade. Há no país, atualmente 51 parlamentares que já deveria ter entregue seu direito a concessão, lhes permitidas por eles mesmos.

Homer: mas a televisão é muito boa. Tem as novelas brasileiras que são até vendidas em outros países e o jornal nacional, que assisto desde o tempo do Cid Moreira

IV - pode-se começar a apilicar a justiça no Brasil, deixando de condenar somente os chamados invisíveis, mas também aqueles que estão aí bem a vista, o juíz dodói, os deputados cassado por corrupção, tem também o senador dono de time de futebol, sem se falar no jornalista famoso!! Quem se lembra deles???

Homer: depois da novela eu assisto um pedacinho do filme e já durmo. Sabe como é que é, amanha pego o busão as 05:45hs. , essa é minha principal preocupação, se eu me preocupar com essas outras coisas todas ai quem vai alimentar os cinco desempregados lá de casa??

obs. Sr. Homer não é personagem fictício, (veja em http://www.unb.br/ceam/nemp/bonner.htm )
Cooperifa Apresenta:

LANÇAMENTO DO LIVROSARAU DA COOPERIFA

Quarta-feira 14 de Fevereiro 20HS30

Local: Bar Zé do Batidão Rua Bartolomeu dos Santos, 797 Piraporinha - São PauloTel.:(11) 5891-7403

*livros de contos e poesias com capas feitas de papelão comprado dos catadores a um real o quilo, quando eles normalmente o vendem a 30 centavos. Capas pintadas à mão por filhos de catadores. Uma idéia simples, na contra-mão do mercado editorial, mostra que é possível divulgar autores novos com a venda dos livros a R$5,00. É assim que funciona o Dulcinéia Catadora, um projeto artístico auto-sustentável que reúne artistas, escritores e catadores.
*Todas as iniciativas do Dulcinéia Catadora têm sempre o compromisso com a distribuição do conhecimento e da renda, a divulgação de autores latino-americanos, a valorização e a promoção da auto-estima dos catadores, e o estímulo à criatividade. Convidado para a 27ª Bienal de São Paulo, o Eloísa Cartonera apresentou-se no pavilhão como um atelier em funcionamento permanente. Ao grupo argentino, existente em Buenos Aires desde 2003, somou-se a participação de catadores, filhos de catadores e artistas brasileiros. Daí se originou seu projeto-irmão, Dulcinéia Catadora, que funciona de forma independente, no Brasil, com a artista plástica Lúcia Rosa, as pinturas espontâneas de Peterson, Tatiana, Andréia, e conta com a colaboração de Carlos Pessoa Rosa, Douglas Diegues e Rodrigo Ciríaco na seleção de textos e promoção de eventos