quarta-feira, julho 23, 2014

"Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver." Ariano Suassuna


                                                  Ariano Suassuna 1927 a 2014

Ariano Vilar Suassuna  foi um dramaturgo, romancista, ensaísta e poeta brasileiro.
Idealizador do Movimento Armorial e autor de obras como Auto da Compadecida e O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, foi um preeminente defensor da cultura do Nordeste do Brasil.
Membro fundador do Conselho Federal de Cultura (1967); nomeado, pelo Reitor Murilo Guimarães, diretor do Departamento de Extensão Cultural da UFPE (1969). Ligado diretamente à cultura, iniciou em 1970, em Recife, o “Movimento Armorial”, interessado no desenvolvimento e no conhecimento das formas de expressão populares tradicionais.  Tal movimento procura orientar para esse fim todas as formas de expressões artísticas:música, dança, literatura,artes plásticas, teatro, cinema, arquitetura entre outras expressões.


Convocou nomes expressivos da música para procurarem uma música erudita nordestina que viesse juntar-se ao movimento, lançado em Recife, em 18 de outubro de 1970, com o concerto “Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial” e com uma exposição de gravura, pintura e escultura. Secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, no Governo Miguel Arraes (1994-1998).
Ariano Suassuna construiu em São José do Belmonte, onde ocorre a cavalgada inspirada no Romance d’A Pedra do Reino, um santuário ao ar livre, constituído de 16 esculturas de pedra, com 3,50 m de altura cada, dispostas em círculo, representando o sagrado e o profano. As três primeiras são imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora e São José, o padroeiro do município.
Em 1955, Auto da Compadecida o projetou em todo o país. Em 1962, o crítico teatral Sábato Magaldi diria que a peça é "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". Sua obra mais conhecida, já foi montada exaustivamente por grupos de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e cinema.

Uma Mulher Vestida de SolEscrita para um concurso promovido pelo Teatro do Estudante de Pernambuco, em 1947, a peça marca a estreia de Suassuna _ além de ter conquistado o primeiro lugar no prêmio. Segundo o próprio escritor, essa foi sua primeira tentativa de recriar o romanceiro popular nordestino. O amor proibido entre dois jovens sertanejos envolve elementos trágicos, como honra familiar e incesto, mas também faz uso do humor, apontando o teor cômico que seguiria presente em outros trabalhos do autor.

Auto da CompadecidaEncenada pela primeira vez em 1955, um ano depois de escrita, a peça projetou Suassuna como dramaturgo. Ainda nos anos 1960, o crítico teatral Sábato Magaldi considerou este como "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". A peça parte da estrutura de um auto, gênero que alia elementos cômicos e intenção moralizadora, para trabalhar de modo original e cômico elementos da literatura de cordel, da linguagem oral e da tradição religiosa nordestinas. A saga de João Grilo e Chicó chegou ao cinema em 1969, com direção do húngaro George Jonas, e inspirou o filme Os Trapalhões no Auto da Compadecida (1987). Já em 1999, Guel Arraes adaptou a trama para a televisão, em uma minissérie da Rede Globo, que depois foi exibida nos cinemas.

Obras de Ariano Suassuna
O Santo e a PorcaRecriação da peça Aulularia, comédia clássica do autor latino Plauto que também serviu de inspiração para O Avarento, de Molière, no século 17. Ambientada no Nordeste, trata da história de Euricão Árabe, um idoso avarento que guarda todas suas economias em uma porca de madeira, sempre desconfiado de que esta pode ser roubada. A peça foi adaptada para a televisão na série Brava Gente, exibia pela Rede Globo em 2000.

A Pena e a LeiEm mais uma mistura de tragédia e comédia, a peça escrita em 1959 busca inspiração nos mamulengos, tradicional teatro de bonecos nordestino. A encenação começa com os atores imitando bonecos, um deles elaborando um plano para conquistar a mulher pela qual está apaixonado e despistar dois inimigos que querem matá-lo. Suassuna subverte a lógica do mamulengo e a usa em sua narrativa: os bonecos vão ficando cada vez mais humanos, e os próprios apresentadores da peça começam a fazer parte da trama.

A Farsa da Boa PreguiçaTrabalho escrito em 1960, apresenta a história do pobre poeta popular Joaquim Simão e sua mulher, Nevinha, cobiçada pelo rico Aderaldo. É um trabalho que cruza enredos de histórias de mamulengo e contos populares, além de elementos de poesia barroca e literatura de cordel, sendo considerado um exemplar trabalho de intertextualidade. A peça se tornou um especial veiculado pela Rede Globo, em 1995, com direção de Luiz Fernando Carvalho.
O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta

Narrativa publicada em 1971, é inspirada  em um episódio ocorrido no sertão nordestino do século 19, onde um grupo tentou fazer ressurgir o rei Dom Sebastião. Trata-se de mais uma história baseada na cultura popular sertaneja, trabalhando a influência do mundo ibérico no nordeste sob o ponto de vista de um prisioneiro subversivo que se declara descendente de monarcas. Carlos Drummond de Andrade definiu o texto como um "romance-memorial-poema-folhetim". O livro foi adaptado para televisão, na minissérie exibida pela Rede Globo em 2007.
Obras de Ariano Suassuna já foram traduzidas para inglês, francês, espanhol, alemão, holandês, italiano e polonês.
Ariano morreu no dia 23 de julho de 2014 no Real Hospital Português, no Recife, onde deu entrada na noite do dia 21/07 vítima de um acidente vascular cerebral (AVC).
Durante o mandato de Eduardo Campos, Ariano foi Assessoria Especial do Governo de Pernambuco, até abril de 2014.



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