quarta-feira, junho 11, 2008

São Paulo de Piratininga


São Paulo hoje é realmente uma cidade global? Para todos seus moradores? Qual trecho de São Paulo segue um padrão mundial – isto é, quantas São Paulo existem (ou co-existem)? Afinal, o que é uma cidade global: ou melhor, em que difere uma cidade global das tradicionais cidades?


José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, escalaram a serra do mar chegando ao planalto de Piratininga onde encontraram "ares frios e temperados como os de Espanha" e "uma terra mui sadia, fresca e de boas águas". Do ponto de vista da segurança, a localização topográfica de São Paulo era perfeita: situava-se numa colina alta e plana, cercada por dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú.


O século XX, em suas manifestações econômicas, culturais e artísticas, passa a ser sinônimo de progresso. A riqueza proporcionada pelo café espelha-se na São Paulo "moderna", até então acanhada e tristonha capital.


Trens, bondes, eletricidade, telefone, automóvel, velocidade, a cidade cresce, agiganta-se e recebe muitos melhoramentos urbanos como calçamento, praças, viadutos, parques e os primeiros arranha-céus.
Na década de 20, a industrialização ganha novo impulso, a cidade cresce (em 1920, São Paulo tinha 580 mil habitantes) e o café sofre mais uma grande crise. No entanto, a elite paulistana, num clima de incertezas mas de muito otimismo, frequenta os salões de dança, assiste às corridas de automóvel, às partidas de foot-ball, às demonstrações malabarísticas de aeroplanos, vai aos bailes de máscaras e participa de alegres corsos nas avenidas principais da cidade. Nesse ambiente, surge o irrequieto movimento modernista. Em 1922, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Luís Aranha, entre outros intelectuais e artistas, iniciam um movimento cultural que assimilava as técnicas artísticas modernas internacionais, apresentado na célebre Semana de Arte Moderna.

Nos anos 50, inicia-se o fenômeno de "desconcentração" do parque industrial de São Paulo que começou a se transferir para outros municípios da Região Metropolitana (ABCD, Osasco, Guarulhos, Santo Amaro) e do interior do Estado (Campinas, São José dos Campos, Sorocaba).



Esse declínio gradual da indústria paulistana insere-se num processo de "terciarização" do Município, acentuado a partir da década de 70. Isso significa que as principais atividades econômicas da cidade estão intrinsecamente ligadas à prestação de serviços e aos centros empresariais de comércio (shopping centers, hipermercados, etc). As transformações no sistema viário vieram atender a essas novas necessidades.

Nas décadas de 1960 e 1970 o governo estadual promove diversas obras que incentivam a economia do interior do Estado, esvaziado desde a quebra do café em 1930.

A abertura e duplicação da Via Dutra (BR-116) recupera e industrializa o Vale do Paraíba, que se concentra em torno da indústria aeronáutica de São José dos Campos.


Para o Oeste, a implantação do Aeroporto Internacional de Viracopos, a criação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a abertura de rodovias como a Rodovia Anhangüera e o implemento de técnicas modernas de produção, em especial da cana-de-açúcar e de seu subproduto, o álcool combustível, levam novamente o progresso às regiões de Campinas, Sorocaba e Ribeirão Preto e Franca.
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Este processo de recuperação econômica do interior intensifica-se a partir da década de 1980, quando inúmeros problemas urbanos, como violência, poluição e ocupação desordenada, afligem a Região Metropolitana de São Paulo. Entre 1980 e 2000 a grande maioria dos investimentos realizados no Estado é feito fora da Capital, que passa de uma metrópole industrial para um pólo de serviços e finanças. O interior, em especial o eixo entre Campinas - São Carlos - Ribeirão Preto - Franca -Sorocaba - São José dos Campos - Taubaté torna-se industrializado e próspero.

Periferias da capital hoje

-Menor acesso aos serviços e à infra-estrutura urbana;
-Menor oportunidades de emprego e profissionalização;
-Maior exposição à violência;
-Discriminação de todos os tipos;
-Difícil acesso à Justiça, ao lazer, ao transporte e, em resumo, à cidade oficial.




Dois mapas que explicam São Paulo hoje: à esquerda, as regiões mais vermelhas são áreas onde a juventude está mais exposta ao crime e à violência; à direita, as áreas mais claras representam os subdistritos com menor poder aquisitivo. A coincidência não é ao acaso.

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