segunda-feira, julho 06, 2009

Festas Juninas

O ato de conhecer conduz ao descobrimento, à ampliação da capacidade de analisar, de sistematizar, de explicar. Conhecer, ­portanto, amplia os horizontes da consciência, da cidadania e da crítica.




Se pesquisarmos a origem dessas festividades, perceberemos que elas remontam a um tempo muito antigo, anterior ao surgimento da era cristã. De acordo com o livro O ramo de ouro, de sir James George Frazer, o mês de junho, tempo do solstício de verão (no dia 21 ou 22 de junho o Sol, ao meio-dia, atinge seu ponto mais alto no céu; esse é o dia mais longo e a noite mais curta do ano) no Hemisfério Norte, era a época do ano em que diversos povos — celtas, bretões, bascos, sardenhos, egípcios, persas, sírios, sumérios — faziam rituais de invocação de fertilidade para estimular o crescimento da vegetação, promover a fartura nas colheitas e trazer chuvas.

Na verdade, os rituais de fertilidade associados ao cultivo das plantas, incluindo todo o ciclo agrícola — a preparação do terreno, o plantio e a colheita —, sempre foram praticados pelas mais diversas sociedades e culturas em todos os tempos. Das tradições estudadas por Frazer destacam-se os ritos celebrados nas terras do Mediterrâneo oriental (Egito, Síria, Grécia, Babilônia) com o objetivo de regular as estações do ano, especialmente a passagem da primavera para o verão, que sela a superação do inverno.



O ciclo anual da natureza prevê a morte e o ressurgimento da vegetação. Todos os anos as plantas passam por um processo de transformação: no outono, as folhas mudam de cor, tornando-se amareladas e murchas; no inverno, elas caem e deixam a planta sem folhas até que chega a primavera. O sol então começa a brilhar com mais intensidade e a vegetação renasce, brota e floresce para oferecer as sementes do novo ciclo, cujos frutos estarão maduros no verão.

Com o tempo os homens, além de desfrutar o ciclo da natureza coletando seus frutos, passaram a domesticar animais e a cultivar plantas para sua alimentação. O cultivo de raízes e legumes, juntamente com a caça, a pesca e a coleta, representa o conjunto das atividades produtivas que tornaram possível a adaptação da espécie humana em todas as regiões do planeta, mas foi a produção de grãos e a domesticação de animais que ampliaram essa capacidade adaptativa.



Imitando o ciclo anual da natureza, o homem descobriu as sementes que podia guardar a cada colheita e replantar no ano seguinte, quando seriam fertilizadas pela incidência solar e irrigadas pelas chuvas. As sementes dos grãos germinam e crescem. O homem colhe, debulha, seca e tritura os grãos para que eles se tornem seu alimento.

Com o cultivo da terra pelo homem, surgiram os ri­tuais de invocação de fertilidade para ajudar o crescimento das plantas e proporcionar uma boa colheita.

Hoje as festas juninas possuem cor local. De acordo com a região do país, variam os tipos de dança, indu­mentária e ­comida. A tônica é a fogueira, o foguetório, o milho, a pinga, o mastro e as rezas dos santos.



A tradição caipira, especialmente a do Sudeste do Brasil, caracteriza-se pelas festas realizadas em terreiros rurais, onde não faltam os elementos típicos dos três santos de junho. Mas elas também se espalharam pelas cidades e hoje as festas juninas acontecem, principalmente, em escolas, clubes e bairros. Como em outras partes do Brasil, o calendário das festas paulistas destaca os rodeios e as festas de peão boiadeiro como eventos ou espetáculos mais importantes, que se realizam de março a dezembro.



Na Amazônia cabocla, a tradição de homenagear os santos possui um calendário que tem início em junho, com Santo Antônio, e termina em dezembro, com São Benedito. Cada comunidade homenageia seus santos preferidos e padroeiros, com destaque para os santos juninos. São festas de arraial que começam no décimo dia depois das novenas e nas quais estão presentes as fogueiras, o foguetório, o mastro, banhos, muita comida e folia.



No eixo Belém/Parintins/Manaus, desde os tempos coloniais, a criação do boi, introduzida pelos portugueses, deu lugar a manifestações culturais que lhe são típicas: o boi-bumbá, dançado em diversas ocasiões, transformou-se atualmente em grande espetáculo, cujo ápice é a disputa entre os grupos Caprichoso e Garantido no Bum­bódromo de Parintins, nos dias 28, 29 e 30 de junho.

No Nordeste sertanejo, o São João é comemorado nos sítios, nas paróquias, nos arraiais, nas casas e nas cidades. A importância dessa festa pode ser avaliada pelo número de nordestinos e turistas que escolhem essa época do ano para sair de férias e participar dos festejos juninos. As cidades de Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, são as que mais atraem gente curiosa em conhecer as maiores festas de São João do mundo.



Caruaru criou uma cidade cenográfica, a Vila do Forró, que é a réplica de uma cidade típica do sertão, com casas coloridas de arquitetura simples habitadas pela rainha do milho, pela rezadeira, pela rendeira, pela parteira. Ali há também correio, posto bancário, delegacia, igreja, restaurantes, teatro de mamulengo. Atores encenam nas ruas o cotidiano dos habitantes da região. O maior cuscuz do mundo, segundo o Livro Guinness de Recordes, é feito lá, numa cuscuzeira que mede 3,3 metros de altura e 1,5 metro de diâmetro e comporta 700 quilos de massa.



Campina Grande construiu um Forródromo que recebe todos os anos milhões de pessoas. Elas se divertem assistindo a apresentações do tradicional forró pé-de-serra, de quadrilhas, cantores, bandas e desfiles de jegues, participam de jogos e brincadeiras e deleitam-se com as comidas típicas vendidas nas barracas.

Outro fato que ajuda a compreender a importância desses festejos está relacionado com a forma de sociabilidade que foi característica da sociedade brasileira. Desde o período colonial até meados do século XX, a maioria da população de todas as regiões do Brasil vivia no campo (até 1950, 70% da população brasileira vivia na zona rural; hoje, mais de 70% vive nas cidades). Fossem colonos e agregados das fazendas agrícolas ou vaqueiros em grandes fazendas de gado, fossem pescadores nas regiões litorâneas ou seringueiros na Amazônia, fossem sitiantes por esse Brasil afora, os brasileiros viviam integrados em grupos familiares, entendendo-se como família o conjunto de pais e filhos, tios e primos, avós e sogros.






Fontes

http://www.festajunina.com.br/
http://www.fiesp.com.br/agencianoticias/2011/06/13/alimentese_bem_oferece_curso_festa_sao_joao.ntc?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=indusletter_422-1&utm_content=alimentese_bem_oferece_curso_festa_sao_joao

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