sexta-feira, maio 23, 2008
SÃO PAULO CULTURALMENTE SUSTENTÁVEL
Cultura é cultivar. A relação consigo, com os outros, com a natureza.
É o modo de vida da sociedade, da cidade. Assim, a cultura está no meio ambiente, nas relações sociais, na mobilidade do cidadão, na economia, na política, nos valores e na imaginação.
Pensar hoje na cultura é relacioná-la com o desenvolvimento humano e sustentável e não apenas com as políticas do fazer/saber cultural especifico, ligado às artes ou a eventos dos departamentos ou secretarias de cultura. Somente uma noção ampliada e transdisciplinar de cultura pode dar conta dos grandes desafios culturais da cidade. Uma noção de cultura que leve em conta as dinâmicas socioculturais e a rica diversidade da cidade de São Paulo, o fazer/saber e a decisão sobre os fazeres culturais (conselhos, conferências, planos e sistemas) e uma cultura de paz que crie um sentimento de sociabilidade solidária e o diálogo em toda a cidade.
As políticas públicas de cultura deverão ser o resultado de ações, propostas e diretrizes oriundas da sociedade, facilitada pelos governos, e do diálogo intercultural na cidade.
As políticas públicas sustentáveis de cultura devem propor ações de integração em todas as áreas e espaços da cidade: no transporte, na economia, no planejamento urbano, no meio ambiente, na saúde, na segurança alimentar, na comunicação, na educação, no lazer e na cultura.
Entender a cultura como uma fatia da realidade, com pequena influência e orçamento mínimo, é abrir mão da diversidade presente nas culturas da cidade e empobrecer o desenvolvimento humano, a identidade, a qualidade de vida do cidadão. Uma visão fragmentada da cidade pode resultar na construção de uma cidade global sem apropriações e soluções locais e, portanto, sem as cores, os sons, os movimentos, os saberes e os matizes que enriquecem a singularidade da vida humana em São Paulo.
Uma outra idéia de cidade também não pode prescindir do entendimento de que vivemos numa cidade desigual, excludente e com populações vulneráveis, principalmente os mais jovens sujeitos a toda sorte de influências.
Trata-se, portanto, de identificar quem somos, qual a vida que queremos e a nossa contribuição civilizatória.
Tendo em vista estas considerações entendemos que a cultura deve estar no centro das políticas e deve deixar de ser periférica, complementar ou suplementar.
Devemos compreendê-la como um cenário do conhecimento e um cenário do reconhecimento da diversidade, não apenas da informação, do evento e do desconhecimento. A cidade da informação pressupõe construir a cidade do conhecimento que possa favorecer redes de trocas no intuito de implementar a cidadania cultural e humanizar a cidade.
Devemos desenvolver a idéia da cultura como conjunto de iniciativas que atendam demandas de diferentes linguagens e gêneros dos indivíduos criaturas criadoras.
Por tudo isso precisamos compreender uma outra idéia de política cultural firmada na centralidade da cultura, que busque soluções criativas para a vida da cidade a partir de diálogos interculturais.
A cidade e a cultura não podem ser reduzidas a simples espetáculos ou reconfigurar um imaginário arbitrário de cidade.
A cidade é o centro onde cultura acontece e é vivida.
Levando-se em conta o papel que a cidade exerce na definição de políticas públicas num momento de intensas relações globais e desigualdade social é de fundamental importância que a governança atribua à cultura a função crucial.
Não há desenvolvimento econômico sem cultura, nem desenvolvimento humano sem compreender a cultura como direito coletivo e individual.
Desta forma propomos algumas premissas e princípios:
- o cidadão (criatura criadora) é produtor e criador de cultura;
- o diálogo intercultural entre centro e bairro, linguagens, grupos, movimentos, redes e fóruns, idéias e visões plurais da cidade deve orientar a construção da cidade sustentável;
- o respeito à diversidade é essencial para o desenvolvimento humano e cultural;
- a descentralização deve gerar oportunidades culturais e fortalecer a localidade;
- a integração transdisciplinar deve ser a base da ação e das políticas de uma cultura sustentável;
- toda ação cultural deve ter no horizonte a promoção da Cultura de Paz e a convivência entre os diferentes, e destes com a natureza.
retitrado do forum de propostas para a cidade de São Paulo, realizado pelo movimento nossa São Paulo, no sesc (18/05). Veja todas as propostas, e a lei que sujeita o próximo prefeito a registrar um plano de governo após três meses de eleito, levando em conta tais propostas.
http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/634
http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/files/GTCultura.pdf
http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/files/ProgramaMetas.pdf
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