"Um interno da Fundação CASA no Brasil é finalista de um concurso nacional de poesia .
"Viver na Fundação não é bom
Bom é ser livre em toda situação
Mas tenho minha opinião
Sobre esse período de transição
Que muitos dizem ser prisão
Nesse lugar, maldade…
Que ao mesmo tempo é saudade
Por estar privado de liberdade
Mas tem um lado positivo
Nessa realidade
Estou me reabilitando para a sociedade
Acordo e vejo grades
Meu peito dói de verdade
Só quem passou
Por isso sabe
De todas as realidades
E crueldades…
A maior necessidade
É a Liberdade!
Aqui lições de vida transmitem
Muitas coisas boas
Reconhecimento como pessoa
Que errar é humano
Mas aprender é a melhor coisa
Atrás desses momentos tem algo impressionante
Hoje me tornei um estudante
Descobri que sou inteligente
Produzi este poema e me sinto importante."
"A crença popular de que a lei penal é capaz de promover defesa social ampara-se na promessa de prevenção geral, a qual, porém, inexiste. Tal assertiva pode ser percebida no âmbito dos adultos com comparação entre os dados carcerários e a produção legislativa em matéria penal desde a década de 90. Ou seja, o efeito simbólico da lei penal de intimidação não funciona. A sociedade desconhece a realidade socioeconômica e o grau de vitimização da população infantojuvenil. Segundo o IBGE em 2005 e 2006, o Brasil tinha 24.461.666 adolescentes entre 12 e 18 anos, entre os quais existem discrepantes diferenças sociais, mesmo estes dividindo o mesmo espaço social.
Mais de 8.600 crianças e adolescentes foram assassinados no Brasil em 2010, ficando o país na quarta posição entre os 99 países com as maiores taxas de homicídio de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, um índice que cresce vertiginosamente ao longo dos anos (Waiselfisz, 2012, p. 47)."
Em 2012, mais de 120 mil crianças e adolescentes foram vítimas de maus-tratos e agressões. Desse total de casos, 68% sofreram negligência, 49,20% violência psicológica, 46,70% violência física, 29,20% violência sexual e 8,60% exploração do trabalho infantil, conforme levantamento feito entre janeiro e agosto de 2011 (Abrinq, 2012). Em 34 instituições brasileiras, pelo menos um adolescente foi abusado sexualmente e são eles vítimas de homicídio. Em 2002 (Paiva) já verificava que os adolescentes submetidos às medidas socioeducativas eram 90% do sexo masculino; com idade entre 16 e 18 anos (76%); da raça negra (mais de 60%); não frequentavam a escola (51%), não trabalhavam (49%) e viviam com a família (81%) quando praticaram o delito. Não concluíram o ensino fundamental (quase 50%); eram usuários de drogas (85,6%). Recentemente, verificou-se que esse quadro não sofreu modificações (Ministério da Justiça, 2010).
"Como se percebe há uma extrema violência praticada por adultos contra crianças e adolescentes pobres e negros, de modo que é possível alegar que, se se argumenta que a criminalidade praticada por adolescentes aumenta, esta assertiva é o atestado da incompetência estatal no que tange ao abandono. Porém, no espaço social alarmado e amedrontado, é politicamente mais eleitoreiro falar em soluções simplistas de segurança pública, em vez de cuidar da infância pobre e vitimizada brasileira. Ou seja, a penalização dos problemas sociais é a política de pão e circo do poder público ante a sociedade desinformada e acrítica",
Completando, em 2014, 25 anos de carreira, Sérgio Vaz fez cumprir a profecia de Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte em “Canto das Três Raças”, que diz: “De guerra em paz, de paz em guerra / Todo o povo dessa terra / Quando pode cantar, canta de dor”.
O canto triste de Sérgio Vaz é denúncia de uma periferia que luta contra o genocídio da população negra e jovem, que pede espaços culturais em vez de delegacias e unidades da Fundação Casa, que grita por dignidade, que insiste em formar leitores e que constrói “a Primavera de Praga da periferia”, como o poeta define os últimos dez anos de agitação cultural nas “quebradas”.
Ao todo, é autor de sete livros que venderam, somados, 30 mil exemplares. A obra do poeta o levou a seis países, para participar de feiras literárias e congressos. Das viagens, internacionais ou não, Vaz sempre traz reproduções de Dom Quixote, o personagem central da obra homônima de Miguel de Cervantes. “Esse livro salvou minha vida”, diz o poeta, que já possui mais de 30 reproduções do herói da literatura espanhola, entre elas, uma de 2 metros, instalada no quintal de sua casa.
Enfim, todos esses argumentos são levantados no sentido de alertar a população de que a demanda nas ruas, entre outras, de redução da violência estatal, perpassa necessariamente a diminuição da violência do Estado perante a adolescência marginalizada, e que a defesa da redução da idade penal, contrariamente ao que se reivindica, é uma carta de alforria para o Estado continuar violentando adolescentes pobres, desconhecidos das políticas públicas, mas perseguidos pelos mecanismos de segurança pública.Nesse momento, os sentimentos da população são de emotividade e, associados com o desconhecimento da realidade e de consequências a longo prazo, esta termina por agir muito mais na pauta dos instintos. Isso porém não pode afetar a racionalidade que justifica a existência de poderes públicos para a governança – cujo dever é garantir a essência que une e sustenta a democracia – a Dignidade da Pessoa Humana."
http://jus.com.br/artigos/33990/o-poema-de-um-adolescente-infrator#ixzz3JzdHlsNg
http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/05/sergio-vaz-o-poeta-sonhador-da-quebrada-completa-25-anos-de-carreira/
Forum de Educação Extremo Sul;
Quando acontecem:
Todas 2º quarta feira do mês, das 09hs as 12hs
Onde acontece:
Fábrica de Cultura Jardim São Luis
Rua Antônio Ramos Rosa, 651 - São Paulo - SP
Telefone: (11) 5510-5530
Telefone: (11) 5510-5530
Mais informações;
marilena_benevenuto@hotmail.com
henriqueabreumacedo@yahoo.com.br
Veja também;
https://18razoes.wordpress.com/quem-somos/
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