
O edifício “Paço dos Reis” é o melhor símbolo da iniquidade social no Brasil.
Ele é a materialização da circunstância sinistra que faz com que 10% dos brasileiros detenham 50% da renda; e, inversamente, que 50% dos brasileiros detenham 10% da renda.
Esse abismo exibe a sua face mais cruel das janelas – ou melhor, das piscinas – do “Paço dos Reis”.
Esse prédio fica na fronteira, no limite entre o nobre bairro do Morumbi, onde se localiza o Palácio do Governo de São Paulo, e Paraisópolis, onde 15 mil pessoas são analfabetas e 5 mil crianças não têm escola para estudar.
O “Paço dos Reis” tem duas torres.
Sua parte externa lembra um móvel como uma cômoda e de cada gaveta sai uma piscina.
As gavetas, ou melhor, as piscinas como que transbordam, lacrimejam, e deixam que a água morna e clorada escorra sobre a favela de Paraisópolis, como uma bênção.
Mino Carta tem o hábito de levar amigos turistas a visitar o “Paço dos Reis”, para não precisar gastar latim em longas explicações sobre como funciona o Brasil.
Além do mais, a favela de Paraisópolis está para acabar.
Tragada pela especulação imobiliária que o Governo do Estado de São Paulo promove in absentia.
O método para acabar com Paraisópolis é uma combinação do que fizeram os grandes brasileiros Carlos Lacerda – que removeu e botou fogo em favelas do Rio -, e Paulo Maluf, que, na companhia de igualmente ilustres empreiteiros, dizimou casas de favelados para construir avenidas, hoje, monumentalmente engarrafadas.
A forma de apressar a “remoção” de Paraisópolis é suprimir a prestação de serviços públicos; deixar os traficantes dominarem o local; e não punir os policiais que achacam e agridem os moradores e o comércio.
A diferença social, é a causa do mal..
Fonte
http://www2.paulohenriqueamorim.com.br/?p=5751

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